“No médio e no longo prazo, o que vai permitir o desenvolvimento do país é a educação de qualidade, baseada no trabalho de professores diferenciados”
No dia 15 de outubro de 1827 Dom Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o ensino elementar no Brasil. Cento e vinte anos depois, um professor paulista sugeriu que nessa data de 15 de outubro os professores não trabalhassem e fosse feita uma comemoração e discussões sobre as atividades escolares. Essa celebração tornou-se tradicional e foi oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo decreto federal 52.682, de 14 de outubro de 1963.
Em 1910 a Coreia foi ocupada pelo Japão e ficou assim por 35 anos. Ao final da segunda guerra mundial, reconquistou sua autonomia e priorizou a educação, destinando 10% do PIB para esse fim. Mesmo com a guerra que dividiu o país entre Sul e Norte, nos anos de 1950 a 1953, a Coreia do Sul manteve esse investimento e mudou de patamar 40 anos depois. Um dos destaques dessa mudança foi a valorização dos professores.
Singapura obteve sua independência em 1958. Cerca de vinte anos depois, em 1979, optou em priorizar a educação e um dos princípios basilares foi a valorização dos professores. Em 2015 obteve o primeiro lugar do mundo no PISA.
O Brasil poderia, quando decretou o Dia do Professor, em data próxima dessas verificadas na Coreia e em Singapura, ter adotado um plano que motivasse os melhores estudantes a serem professores. Poderia ter valorizado essa profissão. Só que não. Possuímos ótimos professores, mas precisaria ser mais. Deveria ser a regra. Num cenário de pandemia, a saúde e a economia estão em evidência. Entretanto, no médio e no longo prazo, o que vai permitir o desenvolvimento do país é a educação de qualidade, baseada no trabalho de professores diferenciados. A informação está cada vez mais disponível, de modo presencial ou online, mas somente o bom professor consegue transformar a informação em conhecimento.
Nas próximas eleições, prestem atenção em candidatos terrivelmente educadores. Quem sabe esses consigam, com atraso, criar as condições para que os melhores estudantes queiram ser professores.
Por José Paulo da Rosa, diretor Regional do Sesc/Senac