Gabriela Schwan, CEO da Rede Swan Hotéis e vice-presidente do Transforma RS, membro do Nexo Governança Corporativa, fala sobre a retomada do setor hoteleiro, um dos mais atingidos pela pandemia da COVID-19. A empresária, também adianta as mudanças e inovações nas áreas do turismo e hotelaria, aceleradas pelo distanciamento social.
1. O ano começou com medidas de restrição e isolamento social que seguem afetando a economia. Acredita que o setor do turismo vai começar uma retomada ainda em 2021?
Acredito que o setor terá uma retomada, ainda esse ano, a partir do segundo semestre. A velocidade dependerá do andamento da vacinação, quanto mais rápido a população for vacinada, mais rapidamente voltará a viajar, movimentando a cadeia turística. Inicialmente através do turismo regional, com viagens mais próximas, num raio de até 500 quilômetros, que podem ser feitas de carro. Em um segundo momento com o aumento do sentimento de segurança da população e o crescimento da malha aérea teremos um salto ainda maior na retomada do turismo.
2. Qual o tipo de viagem que deve conquistar as pessoas?
As pessoas, nesse primeiro momento, irão em busca de lugares com espaços amplos, abertos, preferencialmente em meio a natureza, isso ocorre devido ao longo tempo de restrições e a maior sensação de segurança que estes ambientes proporcionam. Por isso, estarão em destaque o turismo rural, o turismo de aventura, ecoturismo, turismo de luxo e principalmente de experiências. As viagens em família e com amigos próximos também serão desejadas, devido a necessidade de reconexão com essas pessoas.
3. O que já mudou no setor de hotelaria e quais as inovações que podemos esperar quando a pandemia acabar?
As principais mudanças são o maior grau de exigência dos clientes em relação a higienização e segurança sanitária. A necessidade de políticas de pagamento e remarcação flexíveis, devido à instabilidade do momento pandêmico. E uma mudança no comportamento dos consumidores que passaram a utilizar ferramentas virtuais ao invés de realizarem reuniões e eventos presenciais, não há dúvida que o mundo “Figital” (físico + digital) veio para ficar. Além disso, houve um aumento da venda direta através de sites próprios, aumentando a personificação, ao mesmo tempo que há uma crescente de marketplaces criando plataformas para revenda de espaços ociosos. O uso da tecnologia no processo de hospedagem é um caminho sem volta, o hóspede buscará por mais facilidades, por isso, as inovações no setor hoteleiro, após a pandemia, surgirão para descomplicar e qualificar a experiência dos consumidores.
4. Quais ações necessárias para que o Rio Grande do Sul se destaque como polo turístico?
É necessário trabalhar as vocações turísticas do Rio Grande do Sul, fortalecendo a união da iniciativa pública e privada, através de incentivos, afim de estimular investimentos para o estado. Destaco também a necessidade de desenvolvimento de infraestrutura, assim como de mão de obra de toda a cadeia turística.
Privatizações de aeroportos, concessões de parques, investimento da infraestrutura logística e sinalizações nas estradas e cidades, são algumas sugestões.
No segmento de lazer e cultura, temos aqui alguns atrativos extremamente segmentados que poderíamos buscar turista mundo, Mercosul e Brasil afora, como vinho, pedras, águas, chocolates, história e eventos culturais que podem ser vendidos como gastronomia, balonismo, pássaros, canoagem, esportes de ação na natureza, turismo sustentável, temático e de experiência.
Mudar a cultura de “Rotas e Roteiros” de turismo para “Polos e Finalidades”. Pois, o turismo de negócios e eventos de saúde, tecnologia, como o Summit que estamos disputando com Rio de Janeiro, esportes e artes tem grande representação na sustentação dos “meios”. Promover isso exigirá criatividade e uso de meios mais tecnológicos.
As redes sociais como promoção, a humanização dos serviços e uma agência de fomento de receptivo pode ser um caminho.
5. Qual o principal desafio de assumir o comando de uma rede hoteleira no momento que o setor é um dos mais atingidos por uma pandemia?
Nós da Rede Swan fomos impactados pela pandemia, assim como todo o setor de turismo e hotelaria. Tivemos uma queda significativa de demanda, tanto em hospedagem como eventos. Acredito que o principal desafio ao estar à frente da rede Swan Hotéis é a agilidade na tomada de decisões para manter o negócio sustentável, jamais esquecendo o legado, os valores, e o propósito para qual existimos. Para exemplificar a necessidade de decisões ágeis, tenho orgulho de dizer que nossos protocolos para hotelaria segura foram elaborados logo no início da pandemia e fomos uma das primeiras redes hoteleiras a receber o Selo do Turismo Responsável do Ministério do Turismo, isso porque entendemos a importância de nossos clientes e colaboradores se sentirem seguros. É importante salientar que fomos a única rede hoteleira que se manteve de coração e portas abertas durante toda a pandemia.
6. A Rede Swan está trabalhando em um novo empreendimento com conceitos inovadores. Qual a proposta do Generation?
Não tenho receio em falar que o Swan Generation é o futuro da hotelaria corporativa. Esse empreendimento não será apenas um hotel, mas sim um lugar onde a vida encontra os negócios. Com coworking, offices, coliving, hotelaria design, curadoria de arte, lobby integrado com gastronomia e eventos. Para as gerações mais jovens não existe separação entre o mundo físico e o virtual, por isso, o maior objetivo do Swan Generation será descomplicar através de inovações tecnológicas e proporcionar um universo de experiências digital.
7. Como o Transforma RS pode colaborar na construção de uma nova cultura empresarial e no futuro dos negócios?
A proposta do Transforma RS é a união pela convergência. Trazer a visão do empreendedor e unir as entidades públicas, associações e universidades, para construir conjuntamente uma maior competitividade para o Estado.
Sua estratégia de atuação está no diálogo para a construção de soluções evolutivas que favoreçam o desenvolvimento socioeconômico. As lideranças do Transforma apoiam decisões e ações efetivas para esta e para as futuras gerações.