Uma terceira via pode furar a polarização entre Lula e Bolsonaro, desde que capte os anseios dos eleitores nas eleições 2022.
A afirmação foi feita pela cientista política e fundadora do IPO (Instituto Pesquisa de Opinião), Elis Radmann, durante palestra para lideranças do Transforma RS. O encontro virtual foi realizado nesta quarta-feira (13), com apresentação de dados sobre o comportamento do eleitor para as eleições 2022.
De acordo com a pesquisadora, 44,3% dos gaúchos foram impactados financeiramente pela pandemia e as incertezas aumentam a preocupação dos eleitores e a expectativa da população em relação aos candidatos. “O futuro presidente precisa ser alguém com muita capacidade de guiar a população na saída da pandemia e na reestruturação da área econômica”, avalia.
Os estudos indicam cinco dilemas percebidos pela população em relação ao Brasil: corrupção, burocracia, ineficiência dos serviços, privilégios e alta carga tributária. Essa percepção fornece a justificativa para o jeitinho brasileiro, alimentando a cultura da política permissiva. “O jeitinho brasileiro é reflexo da distância entre a lei e a realidade social e precisa ser trabalhado na base da educação”, defende.
Parte significativa do apoio a Lula e Bolsonaro, evidenciado nos levantamentos de intenção de voto, envolve rejeição a um ou outro candidato. “Os eleitores só pretendem votar em um deles para evitar a vitória do outro”, explica.
Diante desse cenário, há espaço para outro candidato que deve corresponder a expectativa do eleitorado que espera saídas para as crises geradas pela pandemia nas áreas da saúde, educação e economia. “O eleitor que optar por uma terceira via é aquele que sabe o que não quer. Ele tem mais medo do que sonhos”, avalia.
Ao analisar os perfis de Lula e Bolsonaro, Elis explica que na percepção dos eleitores, Bolsonaro é visto como um candidato que defende a moralidade, os valores cristãos e a família. É o candidato que luta contra as “coisas erradas que os políticos fazem e sofre com a perseguição”. Já Lula é o candidato que “fez as pessoas crescerem” com a nova classe média e seus programas sociais.
O cenário no RS
Sobre o futuro, os gaúchos se mostram otimistas. Nas pesquisas, 75,5% dos entrevistados acreditam em uma retomada econômica e 20% pode migrar para uma terceira via nas eleições presidenciais, caso ela se mostre competitiva.
Os eleitores sinalizaram que há muitos possíveis candidatos sem expressão política para governar o Rio Grande do Sul. Para a população, os gestores públicos devem ter eficiência administrativa e muita sensibilidade social. “A pandemia castigou o Estado de todas as formas, tirando vidas, criando traumas emocionais, desigualdade educacional e prejuízos financeiros de toda ordem. É como se vivêssemos em um período pós-guerra e a maioria desejasse a superação do conflito, virar a página com sabedoria para encontrar o melhor caminho e esperar pela união para alcançar esse propósito”, afirma a cientista política.