Educação: O desafio de preparar profissionais para a nova economia

O Rio Grande do Sul vem acelerando no estimulo à nova economia e se destacando nacionalmente pelo robusto ecossistema de inovação. No entanto, ao mesmo tempo em que colhe frutos, se defronta com um problema que não é novo: falta de profissionais qualificados.

Segundo dados da ACATE – Associação Catarinense de Tecnologia, o Rio Grande do Sul viu nascer, em três anos, 7,9 mil empresas de Tecnologia da Informação e 10,8 mil postos de trabalho nessa área. Em 2020, foram movimentados R$ 23 bilhões por 23,9 mil negócios gaúchos de base tecnológica, correspondendo a 5,4% do faturamento nacional.

Só no Instituto Caldeira, por exemplo, as empresas possuem em torno de 2,5 mil vagas abertas, a maioria para profissionais de tecnologia, resultado, principalmente, do aumento de 57% das startups gaúchas. Um cenário que veio se somar aos segmentos já consolidados e competitivos, como o industrial e o agronegócio.

O contexto positivo de ampliação e modernização da matriz econômica gaúcha acende o alerta da necessidade da qualificação profissional e retenção de talentos. O que já era um gargalo nos setores tradicionais, ficou ainda mais evidente nos novos modelos de negócios.

Para o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Jorge Audy, o grande desafio da inovação no Brasil é a educação. “A pandemia acelerou o processo de transformação digital, o que foi positivo. Mas os desafios são enormes na área de educação. Precisamos diminuir as desigualdades sociais no acesso ao ensino, melhorar a qualidade e conectar a educação com a nova realidade do mercado de trabalho”, destacou.

Apesar de o Brasil fazer parte de uma tendência global de falta de mão de obra qualificada em tecnologia, fatores locais agravam o problema. “Entre eles estão o ensino de baixa qualidade na comparação internacional e o pouco domínio da língua inglesa na população brasileira, diz Luana Castro, gerente de Tecnologia da Informação da consultoria Michael Page, na revista Exame.

Segundo ela, a alta demanda dos profissionais de tecnologia é global, não é só uma questão do Brasil. “Houve um crescimento da digitalização das empresas, que criaram produtos, investiram em vendas online, vendas de plataformas, etc. Todas tiveram que desenvolver isso”, salienta.

Mais do que bons salários

Com os novos negócios também chegaram novos anseios por parte dos profissionais. Para os jovens que estão no mercado de trabalho ou chegando nele, não basta fazer parte da folha de pagamento e da planilha de metas. É preciso se sentir parte de algo maior e enxergar claramente o propósito da empresa em relação às suas expectativas.

A pesquisa sobre o futuro do trabalho, da consultoria Bain & Company, ouviu 20 mil profissionais em dez países, sendo 2 mil no Brasil. Os brasileiros apontaram que as suas expectativas vão muito além de bons salários e benefícios. Para eles, as prioridades incluem oportunidades de crescimento e aprendizado.

Sendo assim, tanto governos quanto empresas precisam estar juntos para garantir a formação e retenção de profissionais qualificados. Isso passa pelo acesso e melhoria do ensino, das condições estruturais e técnicas, bem como de um ambiente que estimule a criatividade e valorize o crescimento.

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