A sigla ESG vem ganhando, cada vez mais, espaço no mercado, mas ainda é desconhecida do grande público em geral.
Ela significa as práticas das empresas em questões ambientais, sociais e de governança. Esse conjunto de critérios vem impactando nas análises de riscos e nas decisões de investimentos. Isso significa que ao apostar em um negócio, o investidor observará não somente índices financeiros, mas também fatores ambientais, sociais e de governança da empresa.
Uma pesquisa recente da consultoria Walk The Talk by La Maison sobre ESG buscou saber quais são as principais preocupações da população e qual é a percepção sobre o posicionamento e ações de 50 empresas, representativas em suas categorias. Foram entrevistadas 4.421 pessoas (homens e mulheres), de 16 a 64 anos, das cinco regiões do Brasil, das classes ABC.
A pesquisa revela que 94% dos brasileiros esperam que as empresas façam algo sobre ESG e acreditam que elas têm obrigação de se envolver com os problemas. Porém, quando questionados, apenas 17% acreditam que as corporações efetivamente fazem. “Analisamos uma lacuna entre a expectativa do consumidor e a realidade, que é o que as marcas demonstram”, afirma a fundadora da Walk The Talk by La Maison, Juliana Simão, em entrevista ao Valor Econômico.
Consumidores esperam empresas mais sustentáveis
A Natura foi a empresa mais associada ao ESG, obtendo 536 pontos, num índice que chega a 1 mil. A Unilever aparece logo após, com 389, seguida pela Ypê (386), Boticário (376), Petrobras (372), Nestlé (354), Banco do Brasil (335), P&G (332) e Coca Cola (315). A pesquisa da Walk The Talk by La Maison abrange a opinião de consumidores sobre as marcas e não sobre as ações das empresas como corporações.
Cada vez mais os consumidores percebem a falta de autoridade dos governos e instituições neste tema, conforme Juliana Simão. Desta forma, as marcas ganham relevância e passam a conquistar credibilidade em pautas ESG, que fazem parte do cotidiano dos clientes.
“Nosso país ainda dá os primeiros passos em ESG. Existem empresas mais engajadas que outras, muitas companhias ainda não conseguiram desenvolver, de fato, essas práticas ou fazem apenas o que é necessário e higiênico”. O ESG ainda precisa amadurecer e a pressão do brasileiro é uma das peças-chave para isso”, analisa.
Empresas no RS: Compromissos públicos de sustentabilidade
EMPRESAS RANDON – As Empresas Randon são um exemplo de que o futuro é colaborativo e sustentável. Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a companhia desenvolveu sua ambição de sustentabilidade em cinco pilares: condução ética e responsável, excelência e segurança como um valor, compromisso com o meio ambiente, prosperidade para todos, e inovação sustentável.
“Fizemos uma pesquisa para identificar os focos da ESG e chegamos a pilares que reforçam esses objetivos. Temos clareza de onde queremos chegar e consciência do quanto o nosso impacto é e pode ser positivo na vida de milhões de pessoas”, declarou o presidente do grupo, Daniel Randon.
Para cada pilar, há um conjunto de ações e projetos internos para alcançar os compromissos elencados. Entre as principais metas estão duplicar o número de mulheres em cargos de liderança até 2025; zerar acidentes graves; reduzir 40% da emissão de gases de efeito estufa até 2030; zerar a disposição de resíduos em aterro industrial e o lançamento de efluentes até 2025 e ampliar a receita líquida consolidada anual gerada por novos produtos.
CMPC – A multinacional chilena CMPC, sediada em Guaíba, no Rio Grande do Sul, é referência em ESG. Através do projeto BioCMPC, a fabricante de celulose pretende investir R$ 2,75 bilhões em sustentabilidade e modernização operacional até novembro de 2023. “Este é o maior investimento em ESG na história do Rio Grande do Sul”, destacou o diretor-geral da CMPC no Brasil, Maurício Harger. A CMPC, segundo ele, é considerada a segunda empresa florestal mais sustentável do mundo, segundo a Dow Jones Sustainability Indexes.
“Um terço dos ativos do planeta estão envolvidos no tema ESG. Isso soma mais de US$ 30 trilhões”, destacou Harger. “Quem investe em ESG tem mais possibilidades de ter menor impacto de reputação e ter perenidade no seu negócio, que está mais alinhado a legislação futura, inclusive. Então, tem muito menos riscos associados quando você está trabalhando de maneira mais alinhada ao ESG”.
Segundo o executivo, o grupo chileno assume metas de sustentabilidade a nível global desde 2019. Entre elas, ele cita que a CMPC pretende reduzir o uso de água nos processos industriais em 25% até 2025, quando também deve se tornar uma companhia com zero resíduo em aterros sanitários. Até 2030, o objetivo é diminuir em 50% as emissões de gases causadores do efeito estufa e acrescentar 100 mil hectares de áreas de conservação.
SAP – A SAP Labs Latin America, hub de inovação, pesquisa e desenvolvimento da SAP, teve a sua terceira fase de expansão concluída e inaugurada recentemente em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Na empresa são desenvolvidas tecnologias que ajudam as empresas na jornada ESG, controle e gerenciamento de consumo de energia, gestão de resíduos e políticas de responsabilidade de produtores. Um serviço que ganha mais foco.
O SAP Intelligent Agriculture é uma das soluções que saíram do centro de inovação e que permite que as empresas do setor do agronegócio aumentem sua eficiência de forma sustentável, digitalizando seus processos e serviços agrícolas por meio do uso de dados e Machine Learning.
Localizada dentro do campus da Unisinos, a empresa recebeu investimentos de R$ 120 milhões. A expansão marca a nomeação da SAP Labs Latin America como um hub global de inovação, pesquisa e desenvolvimento dentro da SAP, juntamente com centros dos Estados Unidos, China, Índia e Canadá.
Assim, a SAP Labs Latin America passa a fazer parte de um seleto grupo de organizações da SAP, que são responsáveis por desenvolver soluções de alto padrão que ajudam os clientes a endereçar os grandes desafios do mundo dos negócios atualmente, da gestão de programas de sustentabilidade a tecnologias de gestão em nuvem de alta capacidade.
Cada letra do ESG indica a conduta que a empresa tem em relação às questões:
Ambientais (E do ESG): o que faz pela conservação do meio ambiente;
Sociais (S do ESG): a relação da empresa com os seus colaboradores e stakeholders (partes envolvidas);
Governança (G do ESG): questões administrativas, éticas e de transparência da empresa.
Fontes: Valor Econômico, SAP, Randon, DatacenterDynamics e Jornal do Comércio