Na última semana, o Transforma RS teve a honra de receber Márcio Gagliato, especialista com vasta experiência em resposta a emergências humanitárias, para discutir estratégias para enfrentar a crise das enchentes no Rio Grande do Sul. As fortes chuvas de maio de 2024 causaram inundações devastadoras, afetando milhares de pessoas e causando danos materiais consideráveis. Diante dessa situação de crise, torna-se crucial a implementação de um plano de ação abrangente e eficaz para minimizar os impactos da tragédia e reconstruir as comunidades afetadas de forma resiliente.
Comunicação Clara e Transparente
Evitar rumores e desinformação: Garantir o fluxo de informações precisas e atualizadas para a população é essencial para combater boatos e especulações que podem gerar pânico e dificultar a resposta à crise.
Comunicação bidirecional: Estabelecer canais eficazes de comunicação que permitam não apenas a disseminação de informações pelas autoridades, mas também a coleta de feedback e sugestões da população afetada. Criar confiança e credibilidade.
Priorizar a escuta ativa: Ouvir atentamente as necessidades e preocupações da população garante que as ações de resposta à crise sejam adequadas e atendam às demandas reais das pessoas.
Definição de Responsabilidades e Prioridades
Delimitar responsabilidades: Claramente definir as responsabilidades de cada nível de governo (federal, estadual e municipal) para evitar sobreposição de funções e garantir uma resposta coordenada e eficiente.
Estabelecer prioridades: Identificar as necessidades mais urgentes e definir prioridades claras para a alocação de recursos e esforços, garantindo que as ações de maior impacto sejam realizadas primeiro.
Reconstruir melhor: Ir além da resposta imediata à crise e aproveitar a oportunidade para repensar e reconstruir sistemas essenciais como moradia, saúde e educação de forma mais resiliente e sustentável.
Governança Colaborativa e Transparente
Promover a interlocução entre os setores público, privado e da sociedade civil: Incentivar a colaboração entre diferentes stakeholders para garantir que todos os pontos de vista sejam considerados e que as soluções sejam multissectoriais.
Gerenciar tensões e conflitos: Estabelecer mecanismos para identificar e abordar potenciais tensões e conflitos que possam surgir entre diferentes grupos de interesse, promovendo o diálogo e a busca por soluções consensuais.
Criar um gabinete de crise: Implementar um gabinete de crise composto por representantes dos diferentes níveis de governo e da sociedade civil para facilitar a tomada de decisões rápidas e coordenadas.
Mapear as relações de poder: Compreender a dinâmica de poder existente e como ela pode influenciar a resposta à crise, buscando garantir que todos os grupos tenham voz e que as decisões sejam tomadas de forma justa e equitativa.
Financiamento Eficiente e Transparente
Monitorar o impacto das ações: Implementar mecanismos robustos para monitorar o impacto das ações de resposta à crise e o uso dos recursos financeiros, garantindo a eficiência e a transparência da gestão.
Assegurar a transparência na captação e aplicação de recursos: Garantir a total transparência na captação e aplicação de recursos, incluindo doações do setor privado e da comunidade internacional, para evitar qualquer tipo de mal uso ou desvio.
Aprendendo com Boas Práticas e Adaptando-se ao Contexto
Analisar casos de sucesso: Estudar casos de resposta a crises em outros contextos, como Marco de Sendai, para identificar boas práticas que podem ser adaptadas à realidade local.
Desenvolver metodologias contextualmente relevantes: Considerar as características específicas da crise e do contexto local para desenvolver metodologias de resposta à crise adequadas e eficazes.
Definindo Marcos Temporais e Estratégias de Longo Prazo
Considerar agendas existentes: Levar em consideração agendas e planos de ação que já existem em diferentes níveis de governo e da sociedade civil para otimizar recursos e esforços.
Priorizar ações urgentes e de longo prazo: Estabelecer um plano de ação que combine ações urgentes para atender às necessidades imediatas da população com medidas de longo prazo para reconstruir e fortalecer a comunidade de forma resiliente.
Gerenciar expectativas e manter a solidariedade: Comunicar de forma clara e realista as expectativas sobre a duração da crise e os desafios a serem superados, enquanto trabalha para manter a solidariedade e o apoio mútuo entre os membros da comunidade.
Mitigar riscos e promover a transparência: Implementar medidas para mitigar riscos como a instrumentalização da crise para fins políticos ou a manipulação de doações, promovendo a transparência em todas as etapas da resposta à crise.
Aproveitando o Poder da Tecnologia e das Redes Sociais
Coletar dados e monitorar redes sociais: Utilizar ferramentas de big data e análise de redes sociais para coletar dados sobre as necessidades e demandas da população, identificar tendências e direcionar ações de forma mais precisa.
Promover a mudança social positiva: Utilizar estratégias de mudança social baseadas em evidências, como as promovidas pelo UNICEF Social and behaviour change, para incentivar comportamentos positivos e auxiliar na recuperação da comunidade.
Coordenação entre Setores Público e Privado
Estabelecer uma orquestração público-privada: Desenvolver um modelo de coordenação eficaz entre os setores público e privado, aproveitando os recursos e capacidades de cada um para maximizar o impacto das ações.
Implementar agendas regionalizadas: Desenhar agendas de resposta à crise adaptadas às especificidades de cada região, envolvendo associações municipais e redes de cooperação regional.
Reconstruindo Melhor
Priorizar a reconstrução sustentável: Aproveitar a oportunidade para repensar e reconstruir sistemas essenciais como moradia, saúde e educação de forma mais sustentável e resiliente, mitigando riscos e prevenindo futuras crises.
A visita de Márcio Gagliato ao Transforma RS proporcionou valiosos insights e recomendações que são essenciais para a construção de uma resposta robusta e sustentável à crise das enchentes no Rio Grande do Sul. Com uma abordagem coordenada e resiliente, podemos superar a crise atual e construir um futuro mais seguro e sustentável para todos.
Clique aqui e confira a entrevista que Márcio Gagliato concedeu ao GZH