O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente novas projeções populacionais que trazem um alerta para o Rio Grande do Sul: a população do estado, que deve atingir seu pico de 11,2 milhões de habitantes em 2026, começará a diminuir a partir de 2027. Até 2070, o número de habitantes poderá cair para cerca de 9,1 milhões. Essa realidade impõe desafios significativos, especialmente devido ao envelhecimento da população gaúcha, que poderá ter 39% de idosos (60 anos ou mais) até 2070. O impacto dessa mudança demográfica se estenderá por diversos setores, exigindo uma adaptação urgente da sociedade e políticas públicas eficazes.
Desafios do Envelhecimento Populacional no RS
Entre 2000 e 2023, o número de idosos no Rio Grande do Sul praticamente duplicou, passando de 10,6% para 20% da população. Esse aumento reflete mudanças em fatores como a urbanização, maior escolaridade feminina e a entrada das mulheres no mercado de trabalho, que contribuíram para a queda na taxa de fecundidade. Em 2000, essa taxa era de 2,32 filhos por mulher, e em 2023, caiu para 1,51 – um dos menores índices do Brasil.
A expectativa de vida também subiu, passando de 72,8 anos em 2000 para 77 anos em 2023. Com mais pessoas vivendo mais tempo, o aumento na demanda por serviços de saúde, cuidados a longo prazo e previdência será inevitável. Ao mesmo tempo, a redução na população jovem e em idade ativa pressionará o mercado de trabalho e as finanças públicas, já que menos pessoas estarão disponíveis para sustentar um número crescente de aposentados.
Experiências Internacionais no Enfrentamento do Envelhecimento Populacional
O desafio do envelhecimento populacional não é exclusivo do Rio Grande do Sul. Países em todo o mundo estão enfrentando situações semelhantes e implementando políticas para lidar com essa nova realidade demográfica. Algumas experiências internacionais podem servir de inspiração para o estado.
Japão: Redefinindo o Papel dos Idosos na Sociedade
O Japão, que enfrenta uma das populações mais envelhecidas do mundo, tem promovido a ideia de que os idosos podem continuar a contribuir ativamente para a sociedade. Em 2018, foram introduzidas as “Diretrizes de Medidas para o Envelhecimento da Sociedade“, que busca desafiar a ideia de que pessoas com mais de 65 anos estão automaticamente excluídas do mercado de trabalho. O país também tem incentivado políticas para aumentar a taxa de natalidade, como o aumento dos investimentos em programas voltados para a criação de crianças.
Coreia do Sul: Incentivos Financeiros para Aumentar a Taxa de Natalidade
A Coreia do Sul, preocupada com sua baixa taxa de fertilidade, implementou medidas para incentivar o aumento das famílias, incluindo um apoio mensal para famílias com recém-nascidos e taxas de hipoteca mais baixas. A ideia é aliviar as pressões econômicas que impedem muitos casais de terem mais filhos. Essas iniciativas buscam mitigar o declínio populacional antes que o país se aproxime de uma crise demográfica.
Itália: Envelhecimento Ativo e Cuidados com Idosos
Na Itália, quase um quarto da população tem mais de 65 anos, o que levou o governo a implementar políticas de “envelhecimento ativo“. Essas políticas visam garantir que os idosos tenham oportunidades de participar da sociedade e manter sua qualidade de vida, além de incluir cuidados paliativos e novos modelos de moradia para apoiar essa população.
Atração de Talentos: Uma Alternativa Estratégica para o RS
Outra estratégia essencial que o Rio Grande do Sul pode adotar é a atração de talentos de outras regiões e até mesmo de outros países. Países como o Suiça, Singapura e Dinamarca têm se destacado ao implementar políticas de imigração que visam atrair profissionais qualificados para suprir a escassez de mão de obra em suas economias. Essas nações ajustaram suas políticas para facilitar a entrada e permanência de imigrantes com alto nível educacional e habilidades técnicas, aproveitando o potencial desses novos trabalhadores para dinamizar seus mercados e sustentar o crescimento econômico.
No caso do Rio Grande do Sul, a atração de talentos poderia ser viabilizada por meio de incentivos, programas de acolhimento e integração cultural, além de políticas que facilitem o reconhecimento de diplomas estrangeiros. Fomentar parcerias com universidades e empresas também pode ser uma estratégia para atrair estudantes e profissionais que queiram desenvolver suas carreiras no estado, ajudando a revitalizar setores-chave da economia e compensar a diminuição da população jovem.
O Caminho para o Rio Grande do Sul
Para enfrentar o desafio do envelhecimento populacional, o Rio Grande do Sul pode se inspirar nessas experiências internacionais e adaptar as soluções para sua realidade. Políticas que promovam o envelhecimento ativo, a atração de talentos e incentivos para aumentar a taxa de natalidade podem ajudar a equilibrar os impactos do declínio populacional.
Além disso, será crucial repensar os sistemas de saúde e previdência para garantir a sustentabilidade dessas áreas no futuro. O desenvolvimento de tecnologias e inovações que ajudem a aliviar a pressão sobre esses sistemas também será um diferencial importante.
Com planejamento estratégico e políticas públicas eficazes, o Rio Grande do Sul pode transformar os desafios trazidos pelo envelhecimento populacional em oportunidades para construir uma sociedade mais inclusiva e sustentável.