Entrevista com Pedro Valério, Diretor Executivo do Instituto Caldeira

Com uma área de 22 mil metros quadrados, localizado nas antigas instalações da AJ Renner, em Porto Alegre, o Instituto Caldeira é um dos principais símbolos do movimento pela inovação e empreendedorismo que vem acontecendo em Porto Alegre.

Liderado pelo Pacto Alegre, o Instituto nasce a partir da ansiedade e ambição do empresariado de estar mais próximo de tudo o que tem a ver com a nova economia, sejam os conceitos em termos de novas tecnologias, sejam novas formas de gestão ou novos modelos de negócio, e principalmente, pelo novo jeito de atuar de forma mais colaborativa.

Alinhado com esses objetivos e propósitos o Transforma RS, escolheu o Instituto Caldeira para ser a sua nova sede.

Quer saber mais sobre essa ideia? Confira a entrevista do Diretor Executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério.

Como o Instituto Caldeira vai aproximar o Rio Grande do Sul da nova economia?

A gente tem feito um trabalho de mapeamento e de aproximação de todos esses agentes para que a gente possa funcionar como um catalisador conectando os interesses e demandas de cada um dos envolvidos. A gente acredita muito nas conexões. Inclusive, nosso slogan é “conexões que aceleram inovação” porque a gente entende que hoje, no Rio Grande do Sul, esse exercício de troca e intercâmbio é que é o mais importante. 

Então hoje, obviamente com estrutura física, a gente traz a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município para cá, temos 40 grandes empresas, um volume enorme de startups que vão estar vinculadas aqui e projetos de educação e cursos livres.  A gente tem um único teto e um único lar, mas que de certa maneira, aproxima todo mundo que é apaixonado por inovação e que quer o Rio Grande do Sul mais competitivo. Então, eu acho que é por aí, através das conexões no apoio à inovação. 

Vocês têm um portfólio de serviço disponível? 

Nosso portfólio está em construção. Hoje, temos um programa de aproximação com startups. São seis teses espalhadas ao longo do ano onde as empresas se inscrevem para receber conexões com o “conecta Caldeira”. Além disso, vamos lançar um programa de desenvolvimento de startups. Serão 20 selecionadas.

Temos ainda o Caldeira Sessions, o Tech Sessions e o Caldeira Talk que são programas, eventos e atividades com a participação de profissionais que são referência no mercado. Por exemplo, ano passado, a gente teve Frederico Trajano, Galló, Guilherme Benchimol, entre outros. Esse ano, teremos a participação do André Street, fundador da Stone e o Alphonse que é o fundador da Ebanx.

O grande exercício que estamos tentando fazer é justamente na desmistificação do que é a nova economia. Hoje, muitas vezes, a insegurança de não conhecer esse novo contexto evita que as empresas efetivamente se conectem com o novo. A gente está tentando mostrar que a transformação digital tem início, pode ter meio, mas ela não tem fim. Ela é um ciclo permanente e um processo. Isso vai muito no que o Galló sempre provoca: muito mais do que tecnologias e ferramentas, isso é o mindset do empresário gaúcho. É a gente provocar o tempo inteiro. Quais são as novas possibilidades e as novas oportunidades que esse novo contexto nos permite explorar. E obviamente fazer isso aqui no Rio Grande do Sul.

E muitas empresas também tradicionais fazem parte desse movimento?

Sim, e essa mistura é proposital. Originalmente, o projeto tinha a área das startups, a área das grandes empresas e a área da universidade. E, visitando vários hubs internacionais, a gente percebeu que a grande história do Instituto seria misturar todos esses agentes e aproximá-los.

E como você vê a chegada do Transforma RS aqui? O que ele pode agregar no Instituto?

Desde o início a gente tem falado que o Caldeira é um movimento que quer um Rio Grande do Sul mais competitivo. A gente não tem a pretensão de ser o salvador da pátria ou o único elemento, pelo contrário. A gente quer funcionar como uma grande casa aberta a todos aqueles que querem um Estado mais competitivo, mais inovador, mais pujante. E o Transforma ocupa hoje uma posição muito importante de fomento de uma agenda de provocação de startups e de reflexão sobre mudanças pertinentes. Então, para a gente, vai ser um parceiro fundamental dentro da articulação de vários projetos que o Instituto tem a pretensão de colocar, como missões internacionais, programas de aproximação do poder público com ideias de transformação digital. E o Transforma vai ser o nosso co-realizador e co-parceiro dentro de todas as iniciativas. Estamos acreditando que vai ser uma soma de forças.

Quantas empresas já estão instaladas no Instituto Caldeira?

Hoje são cerca de 60 operações já em funcionamento. A gente deve ter, até final de maio, umas 750 pessoas já cadastradas aqui na estrutura física. Mas, na comunidade do Caldeira – e aí num prisma não só físico, como digital – a gente está falando em torno de 10 mil pessoas que são empreendedores, na sua grande maioria membros do Poder Público e das Universidades que estão vinculadas com o ecossistema do Instituto. 

Em termos de residentes, é factível falar que até o final do ano deveremos ter em torno de 3 a 4 mil pessoas circulando aqui no “Distrito Caldeira”.