Ideia foi defendida pelo suíço Dominic Gorecky, co-fundador da Swiss Smart Factory, em evento no Instituto Caldeira
Desde que foi utilizado pela primeira vez, em 2011, na Alemanha, o conceito de quarta revolução industrial, ou indústria 4.0, vem sendo foco de estudos e debates em todo o mundo. Já se sabe que por meio da tecnologia podemos conectar máquinas, transformando em sistemas inteligentes, mas como aplicar toda essa conexão, de modo que faça sentido para as empresas e os consumidores? O questionamento é do suíço Dominic Gorecky, co-fundador da Swiss Smart Factory, líder na Suíça em conversão e desenvolvimento de tecnologias para Indústria 4.0. O especialista esteve no Rio Grande do Sul, nesta semana, a convite da Altus, e palestrou sobre o assunto no Caldeira Talks, no dia 26 de outubro. A iniciativa foi promovida pelo Instituto Caldeira, em parceria com o Transforma RS, Senai e Núcleo de Gestão da Inovação Tecnológica da UFRGS. Para Gorecky, o caminho para avançar na indústria 4.0 é a colaboração. “Precisamos de um ecossistema como o Caldeira, onde as empresas podem vir e colaborar entre elas, para compreender e aplicar tecnologias complexas”, salientou. Para ele, as pequenas e médias empresas, que são a espinha dorsal da economia brasileira, precisam ser ajudadas.
O palestrante defendeu que o foco da indústria 4.0 é a conectividade e a Internet das Coisas. Mas, acredita que toda a tecnologia à disposição, hoje, precisa encontrar aplicação prática. “Como fazer com que os produtos sejam mais adequados ao cliente, a partir das informações que se tem do consumidor, por exemplo. O caminho é a customização”, acredita. Gorecky trouxe como exemplo uma fábrica de cereais, da Alemanha, que produz o tipo de cereal, conforme o gosto do cliente. Todo o processo é configurado por ele, através da internet, e ele recebe o produto customizado, conforme seu gosto, em casa.
Pesquisa mostra a capacidade de inovar da indústria gaúcha
O evento contou, também, com a apresentação dos resultados da pesquisa Caminhos da Inovação da Indústria Gaúcha, desenvolvida pelo Núcleo de Gestão da Inovação Tecnológica (NITEC) da UFRGS, feita pelo coordenador, o doutor em Economia, Paulo Antônio Zawislak. Para realizar o estudo, o pesquisador criou um modelo no qual avalia quatro capacidades dentro da empresa: desenvolvimento, operação, gestão e a área comercial.
A pesquisa foi aplicada nos anos de 2014 e 2017 em mais de mil empresas e o resultado foi muito parecido nos dois períodos, conforme o professor: 80% apresentaram capacidade baixa e média baixa de inovação. “O foco da maioria das empresas está na operação e depois vem a gestão. Houve uma pequena mudança em 2017, comparado a 2014, na qual as empresas passaram a investir mais no comercial, que ficou em terceiro lugar”. Para aumentar a capacidade de inovação, Zawislak defende que o comercial seja a prioridade da empresa, seguido da área de desenvolvimento. “É preciso investir em mercado e produto. O que vemos é que a maioria está focada no uso pleno de sua capacidade produtiva e nos custos, deixando esses aspectos importantes em segundo plano”, explicou.
O professor lembra que existem movimentos no Estado visando o incentivo à inovação, como o Inova RS e o próprio 4º Distrito e o Instituto Caldeira, mas ele acredita que é preciso um movimento maior, que possa envolver toda a sociedade, como a criação de um Programa Gaúcho de Inovação.
No site do NITEC é possível fazer um teste gratuito para identificar a capacidade de inovação da sua empresa.
Ao final do evento houve um debate entre os palestrantes com a mediação do gestor de Inovação e Tecnologia do Senai-RS, Rovanir Baungartner.