O 5G começa a operar no Brasil, nesta quarta-feira (6), e promete mudar totalmente a forma como conhecemos a internet.
A partir desta data, a quinta geração de internet móvel estará disponível em Brasília, conforme anunciou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Na sequência, mas sem data definida ainda, o serviço será ativado em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e João Pessoa.
Muito mais do que oferecer uma internet rápida e com qualidade, o 5G tem potencial para tornar as cidades inteligentes (smart cities), conectando o físico e o virtual (internet das coisas). Esse fluxo de interação é considerado inteligente por fazer uso estratégico de infraestrutura, serviços, informação e comunicação com o planejamento e a gestão urbana, resultando em respostas às necessidades sociais e econômicas da população.
Um estudo da consultoria McKinsey aponta que uma cidade de 5 milhões de habitantes mais conectada pode diminuir a criminalidade em 40%, reduzir gastos de saúde em 15% e dar 30 minutos por dia a cada cidadão.
Alguns exemplos práticos seriam câmeras inteligentes que comunicam crimes diretamente para a polícia, postes de iluminação que ligam e desligam de acordo com a necessidade, sistemas de semáforos que permitiriam uma gestão melhor do tráfego urbano.
De acordo com o Cities in Motion Index, do IESE Business School na Espanha, 10 dimensões indicam o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, o meio-ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e a economia.
Mais recursos financeiros
Outro aspecto importante é uma maior disponibilidade de dinheiro para estados e municípios. Conforme um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), o Brasil poderia ter ganhos de US$ 27 bilhões até 2025 se adotasse essas tecnologias.
Em nível global, uma pesquisa da consultoria McKinsey estima que, até 2025, as cidades inteligentes gerem 60% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Empresas competitivas
Muito aguardado pelas empresas brasileiras, o 5G disponível é o passaporte que levará à aceleração e o avanço da digitalização no Brasil rumo à Indústria 4.0, contribuindo diretamente para a automação e a integração de diferentes tecnologias que incluem inteligência artificial, robótica e internet das coisas.
Com mais velocidade de processamento e sem necessidade de fios conectados às máquinas, é possível fazer as atividades com maior produtividade, gerando melhores resultados e trazendo maior competitividade em relação aos outros países.
“O poder disruptivo da nova rede vai permitir um salto tecnológico industrial com mudanças expressivas nos modos de produção e na modelagem de negócios”, disse o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet.
Carta brasileira das cidades inteligentes
O governo brasileiro assinou a Carta Brasileira de Cidades Inteligentes, em 2020. O texto foi construído em parceria entre o Brasil e a Alemanha para apoio à Agenda Nacional de Desenvolvimento Urbano Sustentável no Brasil (Andus).
O documento colocou uma série de metas para as cidades atingirem a qualidade de “inteligentes”. A transformação digital é uma delas, além do acesso à internet de qualidade para a população e a melhoria da educação e comunicação pública. Ou seja, uma cidade inteligente brasileira não se limita ao desenvolvimento econômico local e sustentável, mas também trabalha em favor da inovação na gestão pública.
Na definição do Ministério do Desenvolvimento Regional, cidades inteligentes são aquelas “que atuam de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, promovem o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas e utilizam tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades, oferecer serviços com eficiência, reduzir desigualdades, aumentar a resiliência e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas”. Além disso, elas devem garantir o uso seguro e responsável dos dados e das tecnologias de comunicação.
Como funciona a internet 5g?
A capacidade de transmissão de dados da internet 5G é extremamente avançada. Milhares de equipamentos podem estar interconectados numa mesma rede e serem operados remotamente, de forma segura. Em uma rede wifi não temos essa capacidade para suportar tantas conexões, e é o que faz com que o 5G seja muito atraente para o desenvolvimento da Internet das Coisas e a evolução da Indústria 4.0.
A principal diferença do 5G para o 4G é de fato a velocidade na transferência de informações, chamada de latência. Um aparelho com 4G demora até 54 milissegundos para processar um download de vídeo de 1 Gigabyte, por exemplo. Com o 5G, a expectativa é que este intervalo seja entre 1 e 2 milissegundos para processar até 20 Gigabytes, o que significa uma velocidade até 20 vezes maior para os usuários.
Outro diferencial do 5G é a quantidade de dispositivos que podem estar conectados. No 4G a cobertura é de 10 mil aparelhos por quilômetro, enquanto no 5G a rede de cobertura pode ser de até 1 milhão de aparelhos por quilômetro.
Em um país continental como o Brasil esse aumento do raio de cobertura significa alcance da internet em áreas rurais e industriais que hoje estão descobertas de sinal.
Fontes:
Fundação Getúlio Vargas (FGV)
CNN Brasil
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
Habitability
McKinsey
G1